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Critérios de Revisão de Lâminas – Exemplo de Exceção

OLÁ PESSOAL DO LABORATÓRIO!!!

Neste nosso simples Post de hoje, queremos mostrar a importância da Revisão de Lâminas de hemogramas.

Sabemos que a grande demanda de exames, aliada às tecnologias de ponta, que estão surgindo no mundo laboratorial para aumentar a produtividade, faz com que procuremos cada dia mais utilizarmos artifícios que nos possibilitem realizarmos maior número de exames, com menor número de profissionais, e em menor espaço de tempo.

E com vários Equipamentos de Hematologia, muito precisos e confiáveis, (diga-se de passagem), somados a critérios que mostram alterações tanto quantitativas, como qualitativas, que indicam os casos em que a lâmina deve ser revisada.

Várias entidades científicas do ramo tem dedicado estudos para validar esta ferramenta no âmbito laboratorial. Mas, lembramos que o recomendado é que cada laboratório estabeleça seus critérios baseados em sua população, em sua clientela, para nortear esta forma de trabalho.

Diante do acima exposto, na imagem abaixo temos o resultado de um hemograma (laudo do equipamento).

Se você trabalha com uma grande quantidade de hemogramas diários, usando algum critério de revisão de lâminas, após analisar o laudo emitido pelo Equipamento, com sinceridade, responda esta questão:

Você revisaria esta lâmina? Por que?

 

Para enriquecer a nossa interação, deixe sua resposta e comentários, no espaço lá no fim do Post. Isto irá contribuir bastante para a experiência prática de todos nós, Analistas Clínicos.

Nós trabalhamos com pacientes hematológicos, e por isso revisamos 100% dos nossos hemogramas. E sabemos que nem sempre isso é possível. Também não temos o objetivo de criticar e menosprezar o trabalho de quem utiliza os Critérios de Revisão para filtrar os hemogramas que devem ter suas lâminas revisadas. Afinal, nós mesmos trabalhamos em outro serviço, que somos obrigados a utilizar esta ferramenta. E acreditamos que fazemos um trabalho de qualidade, pois mesmo utilizando critérios, já identificamos vários casos hematológicos interessantes.

E como pedimos sinceridade a vocês na resposta do questionamento acima, também somos obrigados a responder da mesma forma. E, neste caso, provavelmente teríamos liberado este hemograma, sem revisar a lâmina.

Abaixo, mostramos imagens do esfregaço sanguíneo deste caso.

Como podemos ver, uma grande presença de eliptócitos no hemograma deste paciente. Trata-se de um caso de Eliptocitose Hereditária, em paciente normal. Como podemos ver no laudo do equipamento, este não emitiu nenhum “flag” que pudesse chamar atenção para isto.

Com certeza, muitos de nós poderíamos liberar este hemograma sem revisar a lâmina, e consequentemente, este sairia sem a observação desta morfologia eritrocitária. E em outro momento, por vários motivos, este paciente iria realizar novo hemograma em outro laboratório, ou no mesmo, quem sabe, que poderia ter a revisão de lâmina e vir com esta observação. Quando comparado com este, o médico poderia questionar, o porquê de não se ter visto esta alteração morfológica antes. E, dependendo do caso, isto pode manchar a credibilidade do laboratório com o médico solicitante.

Então, o nosso intuito aqui neste post é exclusivamente mostrar que mesmo com todo cuidado no Laboratório, com equipamentos de última geração, utilizando as melhores ferramentas que o avanço da qualidade nos oferece, ainda estamos sujeitos a liberar algum hemograma que pode ser questionável.

E chegamos ao fim de mais um post, deixando esta “pulga atrás da orelha”, que faz com que tenhamos cautela no nosso dia-à-dia no Laboratório, não para dificultar o nosso Ofício, mas para buscarmos sempre nos atualizar, e observarmos sempre os detalhes, que podem fazer a diferença na qualidade do serviço que prestamos à sociedade.

No Laboratório Todo Cuidado é Pouco

Olá Pessoal do Laboratório!

Olá Caros Colegas Analistas Clínicos!

 

No Laboratório é tanta coisa que temos pra fazer que já estamos tão acostumados a fazer as atividades no “piloto automático“.

E, com isso, temos a ciência que estamos passíveis de executar e/ou liberar algum resultado equivocado, mesmo que tecnicamente correto, porém um produto final errado.

O que vou relatar agora aconteceu esta semana, e serve de alerta para que estejamos cada vez mais cientes de que NO LABORATÓRIO: TODO CUIDADO É POUCO.

Abaixo mostro o resultado de um hemograma que fiz no meu último plantão, vejam os valores:

Vocês podem ver, que este hemograma está alterado na série vermelha e plaquetas, mas neste hospital onde faço plantão atendemos pacientes internos que na maioria das vezes tem resultados como este ou até piores. Então, sempre liberamos exames assim, diariamente, normalmente. Conferimos a lâmina com o laudo do aparelho, fazemos a leitura, contagem diferencial de leucócitos, observações em geral, e liberamos, sem pestanejar.

Mas, neste exame, em específico, me deu uma curiosidade de saber a patologia, e fui procurar a requisição, quando vi, era uma paciente do pronto-atendimento, ou seja, não era interna. E a suspeita de ITU (infecção do trato urinário). Aí que eu fiquei curioso. Como essa anemia, com essa suspeita? Não que não pudesse ser. Afinal era apenas suspeita. Mas algo estava errado. E fui fazer o trabalho de “Sherlock Holmes”.

Procurei a coletadora, e de primeira consegui encontrar a raiz do problema. A mesma havia colhido no braço que a paciente tinha um soro sendo administrado. O soro estava sendo injetado na mão, e ela colheu no braço. Achou que não tinha problema.

Pedi pra ela fazer nova coleta, e vocês verão à seguir os tubos das 2 coletas, e o laudo da outra coleta.

Abaixo temos a imagem dos 2 tubos, da mesma paciente: o 1º, mais claro (ralo), e o mais concentrado da 2ª coleta:

Abaixo temos o laudo da segunda amostra:

Então pessoal, como vocês podem ver, nas imagens das amostras e dos laudos, antes e depois, por pouco eu não liberei um resultado que TECNICAMENTE estava correto, pois o que estava vendo na lâmina estava de acordo com a amostra da paciente. Mas, completamente ERRADO porque aquela amostra não representa o real estado hematológico dela. A amostra estava muito diluída pelo soro que estava sendo administrado. Um erro na fase PRÉ-ANALÍTICA.

E a profissional que fez a coleta ainda chegou colocando a culpa no garotinho da paciente que estava chorando, dizendo que ele a havia desconcentrado no momento da primeira coleta.

Isso nos mostra que NO LABORATÓRIO, TODO CUIDADO É POUCO.

Um abraço Pessoal, espero que tenha servido de aprendizado e experiência pra vocês. Até a próxima!