estudo de caso – participe!

Por: Humberto Medeiros e Válber Matias

Paciente do Sexo Masculino, 57 anos. Indicação: anemia a esclarecer.

Analise os dados do Equipamento, e em seguida veja as imagens do esfregaço sanguíneo.

Fazendo uma avaliação dos dados fornecidos pelo equipamento e a morfologia observada no sangue periférico, qual a hipótese diagnóstica mais provável?

A – Anemia de doença crônica

B- AHAI por anticorpos frios

C- Anemia megaloblástica / deficiência de vitamina B12 e / ou Ácido fólico

D- Mieloma múltiplo

E- Processo reacional infeccioso

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TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DE DIAGNÓSTICO DOS GRANULÓCITOS BASÓFILOS

Por: Válber Matias e Humberto Medeiros

Granulócitos basófilos são mielócitos, metamielócitos, bastões e segmentados basófilos. Tem morfologia equivalente a dos neutrófilos, diferindo deles em granulações específicas, que são de cor escura (azul intenso a preto) e que podem estar presentes tanto sobre o citoplasma como sobre o núcleo, em seu relativo menor tamanho e no aspecto bizarro de sua lobulação e cromatina.

Na prática, devido à dificuldade na diferenciação de suas fases maturativas, no hemograma são chamados, indistintamente, apenas de basófilos. No mielograma são referidos como basófilos maduros ou basófilos imaturos. Os basófilos e seus equivalentes nos tecidos, os mastócitos, estão associados a processos de hipersensibilidade (anafilaxia), que combinam com a liberação de histamina pelos mastócitos que degranulam nos tecidos.

Aumento de basófilos acima de 200/mm3 caracteriza basofilia no sangue periférico. As basofilias podem decorrer de processos reacionais ou de doenças mieloproliferativas crônicas. Basofilia associada a neutrofilia, geralmente com eosinofilia no sangue, são fortes indicativos de doença mieloproliferativa crônica. Processos reacionais de hipersensibilidade justificam apenas discreta basofilia, sem neutrofilia esmagadora e com ocasionais eosinófilos maduros. Presença de basófilos imaturos ou basofilia com leucocitose, e neutrofilia acentuada no sangue é sinal claro de doença mieloproliferativa crônica. Nos Basófilos, não é fácil de se distinguir morfologicamente, as fases maturativas como mielócito, metamielócito, bastão e segmentado, devido a dificuldade de se visualizar o formato do núcleo, por conta da sobreposição dos grânulos em relação ao núcleo. Todo sangue com mais de 2% de basófilos merece revisão de lâmina por microscopia.

TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DIAGNÓSTICO DOS PLASMÓCITOS

Por: Válber Matias e Humberto Medeiros

Os plasmócitos tem diâmetro de 12 a 15 micrômetros, e formato arredondado ou ovalado. Apresentam baixíssima relação núcleo- citoplasmática, com núcleo de cromatina densa, uniformemente distribuída, contorno regular, localização geralmente excêntrica, com formato ovalado ou redondo e com característico halo claro perinuclear. Seu citoplasma é bastante abundante, profundamente basofílico e sem grânulos.

São células comuns nos linfonodos e na medula óssea, mas extremamente raras no sangue periférico, exceto em poucos casos de viroses, como a rubéola, porém inferior a 5%. Ocorrem em raros casos de Mieloma Múltiplo, em fases terminais (o que caracteriza a Leucemia de Plasmócitos secundária ao Mieloma) ou na rara e agressiva Leucemia Primária de Plasmócitos. O critério para caracterizar as leucemias primárias ou secundárias de plasmócitos é a presença de mais de 20% ou mais de 2.000 plasmócitos/mm3 no Sangue Periférico.

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Linfócitos atípicos de aspecto plasmocitóides podem aparecer em infecções virais ou em doenças sistêmicas. Os linfoplasmócitos, de aparência semelhante aos linfócitos atípicos plasmocitóides, são linfócitos neoplásicos (anômalos) característicos dos Linfomas Linfoplasmocíticos ou da Macroglobulinemia de Waldenstrom.

TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DIAGNÓSTICO DOS MONÓCITOS.

Por: Válber Matias e Humberto Medeiros

Monócitos são as células mais pleomórficas em sangue periférico normal. São células grandes, de volume bastante variado, que pode medir de 15 a 25 micrômetros de diâmetro, tem baixa relação núcleo-citoplasmática e cromatina nuclear mais densa que a dos seus precursores, promonócitos e monoblastos. Em algumas células ainda podem ser visualizados nucléolos pouco distintos, principalmente em casos infecciosos e neoplásicos.

Tem como característica marcante o formato e o contorno irregular, bem convoluto ou pregueado, em alto relevo (não plano e não liso), com aspecto esponjoso, da sua cromatina nuclear. O núcleo pode assumir formatos os mais variados possíveis (abastonado, reniforme, cerebriforme, com aspecto de feto ou mesmo sem forma definida). O citoplasma tem grânulos azurófilos muito finos (aspecto de areia fina ou vidro moído) dispostos em um fundo de tonalidade que vai de azul claro ao acinzentado.

Além de serem células bastante pleomórficas, sua morfologia pode variar sobremaneira, sob influência do local da lâmina e do material analisado (SP ou MO).

Monócitos no sangue periférico, analisados em regiões mais finas do esfregaço, apresentam suas características naturais com mais evidência que em regiões mais espessas (no meio da lâmina, onde os eritrócitos ainda estão amontoados). Em regiões impróprias eles podem apresentar ser menores e ter maior relação núcleo-citoplasmática, sem sua evidente convolução de cromatina nuclear, o que dificulta a sua diferenciação entre os grandes linfócitos.

Monócitos na medula são menos soltos no esfregaço e mostram aspectos mais densos que no sangue. As monocitoses podem decorrer de processos infecciosos, não infecciosos ou neoplásicos.

Monocitoses são comuns ao final dos processos infecciosos agudos. Podem ocorrer em processos infecciosos crônicos como: endocardite, listeriose, brucelose, tuberculose. Monocitoses não infecciosas surgem em colagenoses, Doença de Crohn e colite ulcerativa. Monocitoses em neoplasias não hematológicas estão associados a tumores disseminados, ao carcinoma  brônquico e ao carcinoma de mama. As neoplasias hematológicas associadas à monocitoses são mielodisplasias/ mieloproliferações (especialmente as LMMC) e leucemias agudas monocíticas (M4 e M5).

Fagocitoses de eritrócitos (hemofagocitose) na medula óssea, ou mesmo sangue periférico, podem ocorrer em algumas infecções virais ou em doenças auto-imunes.

Monocitoses evidentes, acompanhadas de queda na contagem absoluta e relativa das outras linhagens celulares, sugere leucemias da esfera monocítica, principalmente LMMC, LMA-M5b ou LMA-M4. Nas LMA-M5a, os monoblastos são a grande maioria e pode não haver relação relativa a proporção de monócitos maduros (sem monocitose evidente).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DIAGNÓSTICO DOS LINFÓCITOS

Por: Válber Matias e Humberto Medeiros

TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DIAGNÓSTICO DOS LINFÓCITOS

Linfócitos são células produzidas nos linfonodos (células B e T), na medula óssea (células B), no baço (células B e T) e nos tecidos linfóides associados à mucosa gastrointestinal, cuja formação está sobre influência do timo (linfócito T) e da medula óssea (linfócitos B). As células NK correspondem a uma pequena fração dos linfócitos circulantes, cuja ontogenia ainda é controversa.

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Os linfócitos maduros são células de volume variado (pequeno, médio e grande) 7 a 18 micrômetros. Apresentam uma cromatina nuclear bastante condensada e com grumos, tem núcleo de contorno uniforme, regular, arredondado plano (liso). O nucléolo geralmente está ausente, e quando visualizado é muito pouco distinto. Seu citoplasma escasso com discreta basofilia, com ou sem grânulos azurófilos (nos linfócitos grandes e granulares, Large Granular). Os linfócitos com grânulos apresentam tamanho médio a grande e são tradicionalmente conhecidos como Large Granular (grande com grãos). Imunologicamente, os linfócitos com grânulos podem ser células natural killer (NK) ou mesmo T citotóxicas. Os linfócitos sem grânulos apresentam o tamanho pequeno a médio e podem ser dos subtipos imunológico B ou T(auxiliares ou citotóxicos). Precursores linfocitários imaturos normais não são visualizados no sangue ou vistos apenas ocasionalmente em indivíduos normais.

Morfologicamente, os linfócitos podem ser típicos, encontrados frequentemente em indivíduos sadios e com morfologia normal e atípicos, sendo característicos das viroses e dos processos reacionais linfóides) ou anômalos (específicos das neoplasias linfoproliferativas crônicas).

Linfocitose absoluta em idosos, sem sintomas clínicos, são fortes indícios de doença linfoproliferativa crônica, ou seja, de todas as leucemias linfóides crônicas primárias (B,T e NK) e dos linfomas não Hodgkin que leucemizam, entre todas elas, principalmente as LLC típicas (90% dos casos).

As causas de diminuição absoluta de linfócitos estão associadas a doenças congênitas muito raras, como as agamaglobulinemias (doença de Bruton), as deleções do cromossomo 22q11 (doença de Di George) e algumas doenças sistêmicas, como a doença de Hodgkin e a AIDS.

INTERPRETAÇÃO CLÍNICA E VALOR DIAGNÓSTICO DOS RETiCULóCITOS

TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA

Por: Válber de Freitas Matias

Os reticulócitos são eritrócitos jovens, contendo precipitados de ácido ribonucléico (RNA) residual, que se deixa corar pelos corantes supravitais, como o Azul de Cresil Brilhante e o Novo Azul de Metileno.

São grandes, com  maior volume corpuscular médio (VCM), e apresentam menor concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) do que os eritrócitos maduros. Sua contagem é feita em sangue periférico.

No processo maturativo normal, os reticulócitos passam de 2 a 3 dias na medula óssea, 1 dia no sangue periférico, quando estão se tornando eritrócitos maduros. A contagem de reticulócitos indica a velocidade de produção da série eritróide na medula óssea. Reticulócitos normais ou diminuídos em indivíduos anêmicos são sinais de baixa produção medular (anemia por diminuição de produção). A Reticulocitose é um bom indicativo de resposta terapêutica em anemias carenciais. Paciente com anemia ferropriva ou megaloblástica tratada com ferro ou folato/vitamina B12, por exemplo, respondem com intensa reticulocitose até a elevação da hemoglobina a níveis normais. Reticulocitose em anemias sem história de perda sanguínea ou de tratamento de estados carenciais é indicativo de anemia hemolíticas (anemias por aumento de destruição). Reticulócitos elevados sem anemia, indicam estados hemolíticos compensados ou sangramentos subclínicos, em indivíduos com suporte vitamínico e ainda sem anemia.

Os resultados de reticulócitos são expressos preferivelmente em valor absoluto e percentual, corrigido para todas as anemias, ou valor absoluto, percentual corrigido e IR para as anemias hemolíticas ou anemias por baixa de produção e tratamento. Os valores de referência percentual corrigido para adulto é de 0,5% a 2,5 %, os valores absolutos são de 25.000 a 85.000 / mm³.

PESQUISA DE CORPOS DE HEINZ E AGREGADOS DE HEMOGLOBINA H

Por: Válber Matias

TEORIA HEMATOLÓGICA DESCOMPLICADA

PESQUISA DE CORPOS DE HEINZ E AGREGADOS DE HEMOGLOBINA H

Os corpos de Heinz são observados devido à desintegração do tetrâmero de hemoglobina. Esses polipeptídeos desagregados precipitam-se no interior dos eritrócitos sob forma de corpos de Heinz.

Corpos de Heinz (Setas)

Estão presentes em números aumentados nas anemias hemolíticas, na deficiência da enzima glicose-6-fosfatodesidrogenase (G6PD), nas hemoglobinopatias instáveis, talassemia maior, nas intoxicações por medicamentos e em pacientes esplenectomizados.

Os corpos de inclusões de hemoglobina H (Hb H),  que são agregados de cadeia beta em excesso, são visualizados na alfa talassemia, na forma adquirida da doença da Hemoglobina H, em pacientes com mielodisplasia (SMD), pacientes portadores de hemoglobinas instáveis, esplenectomizados e após ingestão ou inalação de alguns produtos químicos. Tantos os corpos de Heinz como de HbH, só são visualizados após coloração Vital aquosa (Azul de Cresil Brilhante ou Violeta de metila)

HEmoglobina H (bola de golfe)
Hemoglobina H (bola de golfe)

PROCEDIMENTO TÉCNICO
Sangue total……………………………………………………100ul
Azul cresil brilhante ou Violeta de metila…100ul

Incubar por 30min a 37°C.

Após incubação, fazer esfregaço e ler por imersão.

Resultado positivo para HbH: as hemácias apresentam precipitado com padrão de “bola de golfe”.

Hemácias positivas para Corpos de Heinz: as hemácias apresentam corpos refrigentes em seu interior.